22 de setembro de 2009

Outra UEG é possível?


A UEG atualmente apresenta certo gigantismo disfuncional, guarda problemas na qualidade de seus processos acadêmicos e, na gestão central, um deficit espetacular entre o que ela é o que ela poderia ser. Dimensões estas que estão organicamente interligadas.

Sabemos que não existem critérios pacificados do que seja qualidade acadêmica. A Conferência Regional para Educação Superior na América Latina e Caribe de 2008, na cidade de Cartagena, discutiu a educação superior destacando seu papel na superação das discrepâncias científicas e tecnológicas em relação a países desenvolvidos. Tais discrepâncias corroborariam a pobreza em nosso país. Para superá-las, seria necessário incrementar o investimento público em ciência, tecnologia e inovação que deveriam ser dirigidos: ao fortalecimento das capacidades regionais para a geração e aproveitamento do conhecimento; ao acesso à informação; e à constituição de comunidades científicas integradas em rede.

Voltando à questão da UEG, o seu tamanho e pertinência – presente em 51 cidades – oferece na maioria das unidades, cursos de licenciaturas em Pedagogia, Letras, História e Geografia. As unidades têm pouca autonomia administrativa e uma pífia conexão com os potenciais de desenvolvimento sustentável das localidades. Foram criadas mediante processo de barganha político-eleitoral, sem lastro acadêmico, com a pseudotutela do Conselho Estadual de Educação.
Ao invés de buscar as áreas de desenvolvimento potencial de Goiás, a instituição – por comodidade ou preguiça – reeditou os cursos já autorizados pelas faculdades isoladas predecessoras da instituição. Como consequência, a UEG encontra-se cara, imensa e com pouca ligação com os problemas do Estado.

Internamente, a explicação é de que somos uma instituição jovem e que todo início inevitavelmente deveria ser estabanado e irresponsável. Será?
Para comparar os dados com outro Estado da Federação e refletirmos sobre o que poderíamos ser, vamos tomar o exemplo do Paraná, que não está entre os mais desenvolvidos, nem entre os mais pobres, porém exibe uma significativa rede de universidades estaduais.

O sistema estadual público paranaense de educação superior está dividido em seis instituições: as universidades do Oeste do Paraná, do Norte, do Centro-Oeste, de Londrina, de Maringá e de Ponta Grossa, além de sete faculdades isoladas. Oferecem cerca de 30 diferentes cursos de graduação – 11 diferentes tipos de Engenharias – cerca de 50 programas de mestrado e 15 de doutorados. O sistema estadual paranaense possui museus, hospitais universitários, clínicas odontológicas universitárias, colégios de aplicação, hospitais veterinários e laboratórios de produção de medicamentos. Ingredientes caros, porém úteis ao desenvolvimento socioeconômico.

Com algum juízo, há ou não outra UEG possível? Convidamos o Conselho Estadual de Educação a sair da letargia habitual, aos governos estaduais goianos a romper com os critérios paroquiais e transcender a tolerância com o correligionarismo secular na gestão da política de educação superior. Outra UEG é possível, e mudaríamos Goiás!

Nelson de Abreu Júnior é docente e diretor da UEG em Anápolis

3 comentários:

  1. A UEG E A IDEOLOGIA DE REBANHO

    “As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras.”
    Friedrich Nietzsche

    O artigo de João Felipe Fleming publicado no jornal Diário da Manhã no dia 26 de outubro parece pilha: tem um lado positivo, mas também um negativo. É verdade que existem inúmeros problemas na UEG e é preciso muita luta da comunidade universitária para fazer com que esta universidade possa ser um centro de excelência acadêmica, mas seu texto além de maniqueísta é todo partidarizado e obscurantista. É uma narrativa desordenada, difícil de ser compreendida. É nessa confusão que ele pulveriza a sua ideologia, tão manjada por pessoas críticas. Ao falar do Fórum parece um narcisista pedante narrando sua odisséia estrambótica. João Felipe e o Fórum não querem uma UEG melhorada, eles a querem eternamente com problemas para explorá-la politicamente, partidariamente e eleitoralmente.
    A comunidade acadêmica tem memória sim, João Felipe! Ela ainda se lembra da reunião do Conselho Universitário, em abril de 2008, quando você e seus colegas foristas se recusaram a apoiar a proposta do DCE que propunha o fim da taxa de matrícula na UEG. Apenas para discordar do DCE, vocês contribuíram com a manutenção desta taxa. Graças a Deus, o STF cassou meses depois as taxas de matrículas em universidades públicas. Os estudantes também têm memória e se lembram que em outubro de 2008 o Fórum de Defesa da UEG pediu à justiça que o peso eleitoral dos estudantes e servidores de nossa universidade fosse reduzido de 25% para míseros 15% nas eleições para reitor e diretores de unidades. Ora, João Felipe, ao falar da marcha dos estudantes em defesa da UEG, você se esqueceu de contar toda a história. Esqueceu que “a comunidade acadêmica tem memória?”. Nessa marcha, membros do DCE também participaram indo a pé de Anápolis a Goiânia e próximo a capital os estudantes do DCE foram agredidos fisicamente por professores e alunos do Fórum de Defesa da UEG. Foi preciso a intervenção da Polícia Rodoviária Federal para que não fossem espancados selvagemente. O DCE não revidou e civilizadamente procurou uma delegacia de polícia para registrar boletim de ocorrência.
    João Felipe afirma que “a postura dos dirigentes do DCE é de se manter calados... servindo mais como correia de transmissão do governo e da reitoria”. Ora, João Felipe, isso é uma falácia! O DCE esteve presente na luta contra a redução dos 2% para a nossa universidade e além de participar de debates com a comunidade universitária, procuramos a imprensa, fizemos panfletagem e estivemos presentes na Assembléia Legislativa dialogando com os deputados e pressionando para não aprovar aquela emenda constitucional. O DCE não é correia de transmissão de governo e reitoria, temos a nossa própria política de lutas que se pauta pelo diálogo e não pela agressividade selvagem do Fórum. Recentemente, em uma reunião do Fórum na Assembléia Legislativa, lá estava um professor forista da Eseffego apitando e mandando os jovens alunos gritar: “quem não pula é governista”. E adestradamente os fantoches gritavam e pulavam (uma cena deprimente). E o forista João Felipe, do alto de seu governismo petista, lá estava rindo sarcasticamente ao ver as criaturas manipuladas pulando o samba da enganação do Fórum: “quem não pula é governista”. Mas nós, do DCE, afirmamos sem receio que quem não pula, João Felipe, é livre, tem opinião própria, faz a escolha que acha mais adequada e verdadeira. Porém, quem obedece cegamente às ordens de adestradores foristas de pular, com certeza, é massa de manobra que engrossa o rebanho de obedientes ovelhas pastoreadas por lobos foristas governistas.

    Thiago Alves de Souza é presidente do DCE-UEG

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  2. A fábula dos urubus dirigentes e a discriminação contra os passarinhos temporários que sabiam cantar

    “Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os urubus - foristas do “Fórum de Defesa do Canto por Concurso”, aves por natureza becadas, decidiram que eles haveriam de se tornar Governantes da escola de canto mesmo sem ser eleitos. E para isto se aliaram ao governo dos tucanos, importaram professores, gargarejavam dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão para cantar e mandar nos outros.

    De posse da direção da escola, por meio de uma intervenção autoritária, que indicou, por meio de um golpe, um vice-diretor biônico para ser o capataz da escola e com o apoio de alguns urubus-rei organizaram eventos e se deram nomes pomposos, e o sonho de cada urubuzinho-forista, instrutor em início de carreira, era se tornar respeitável urubu titular, a quem todos chamam por Doutor e V. Excelência.

    Tudo ia muito bem até que a doce tranqüilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas com os sabiás... Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa, e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito administrativo: “Onde estão os documentos dos seus concursos?” As pobres aves se olharam perplexas, porque cantavam há muito tempo e nunca havia existido concurso para todas as vagas da escola dos urubus dirigentes. Não eram concursados, mas sabiam cantar muito bem... “-Não, assim não pode ser. Cantar sem ser concursado é um desrespeito à ordem e ao progresso”. E os urubus em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem o alvará do concurso..."

    “Moral da história: terra em que urubu comanda, sabiá sem concurso não pode cantar”.

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  3. A interventora do tucano Perillo na Universidade Estadual de Goiás

    PROF. LUCIO FLÁVIO*

    A perseguição política contra profissionais de contrato temporário, que tem ocorrido na UEG, desde o início de 2011, tem sido uma forma covarde de se manipular e pressionar pessoas. É um tipo de comportamento, de atitude, que é atribuído às pessoas inseguras e fracas, comportamento esse que seria mais inteligente se fosse devotado o tempo e atenção para motivar e incentivar os cidadãos que trabalham para que esses pudessem se sentir respeitados e valorizados. Às vezes ficamos pasmos ao perceber que em nossa universidade existam pessoas tão simplórias que se acham portadoras de super-poderes políticos e que precisam ser temidas por todos nós que trabalhamos na UEG. Será que não percebem que esse suposto poder que julga ter sobre os outros é apenas uma fantasia alimentada por uma indecorosa megalomania?

    Temos inúmeros profissionais que trabalham com competência e dedicação desde 1999, ano de criação da UEG, e se até hoje não se efetivaram não foi por culpa deles, mas devido a falta de concursos. Em 13 anos de existência foram realizados apenas 2 (dois) concursos para professores e nenhum para servidores. Dos atuais professores temos cerca de 65% de temporários e cerca de 92% de servidores técnico-administrativos também são do quadro temporário.

    Em meio a esse contexto aparece na UEG uma senhora forasteira, que investida do cargo de vice-reitora (sem ser eleita), passa a gestar sozinha a solução para todos os problemas de nossa universidade. Começou com um projeto delirante que sem nenhuma participação da comunidade uegeana e sem nenhum critério técnico queria fechar à força mais de 30 cursos de graduação. Somente pessoas alienadas e autômatas aplaudiram aquela fanfarronice. O próprio Governo do Estado se sentiu constrangido com aquilo e desautorizou imediatamente o fabuloso projeto de “reforma acadêmica” idealizado pela douta vice-reitora.



    Eliana França que na condição de educadora deveria dar exemplo de inclusão tem deixado um lastro de destruição dos direitos elementares dos profissionais e da democracia participativa dentro de nossa universidade. O imenso desgaste político que o governo estadual tem hoje dentro da UEG deve-se exclusivamente à sábia vice-reitora Eliana França. Os diretores temporários só não perderam o mandato em 2011 porque a comunidade universitária se organizou e realizou inúmeros protestos por meio de audiências públicas que fizeram o governo refletir e permitir que pelo menos os mandatos atuais fossem respeitados. Para isso assinou o Decreto Nº 7.465 de 17 de outubro de 2011.

    A vinda de Eliana França para a UEG só trouxe perseguição política, discriminação e o caos. Com essas meditas autoritárias, Eliana decretou e incentivou uma estúpida guerra permanente de profissionais efetivos contra temporários. Essa é a marca repugnante que Eliana França tem deixado na UEG.

    Eliana França pensa curto. Não está preparada para trabalhar em ambientes democráticos onde a pluralidade de ideias é uma prática elementar. Perde tempo com coisas minúsculas e valoriza excessivamente as picuinhas. Vive cercada de pessoas fingidas e interesseiras, pois só consegue atrair para perto de si esse tipo de gente. São pessoas impostoras que ficam do lado dela somente enquanto durar o poder.



    E quando o sol da justiça e da liberdade brilhar, em setembro de 2012, pelo poder do voto, poderemos fazer o nosso acerto de contas, de forma democrática, com aqueles que hoje nos humilham, nos perseguem e cassam nossos direitos.

    *Lúcio Flávio é professor da Universidade Estadual de Goiás - UEG

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